Na formação de Portugal, mais importante que o locus é a génese. Na verdade, o nascimento de Portugal como reino independente é sobretudo uma pretensão dos nobres portucalenses, que aspiravam a uma posição de relevo e poder na velha Lusitânia, só possível com uma autonomia governativa formatada pela independência administrativa e política. Se Guimarães, para onde muitos anos antes se deslocalizara o presor Vímara Peres, o primeiro conde portucalense, foi o marco geográfico da contenda que derrotou o conde de Trava e a rainha Dona Teresa e assinalou a data informal da independência do reino, só mais tarde ratificada com o tratado de Zamora e a bula Papal, foi na linhagem dos ricos-homens da terra da Maia que a revolução separatista se engendrou. Também se, por volta de 1119, o príncipe Afonso passa a residir em Guimarães, sobre ele incide necessariamente a influência inalienável do arcebispo de Braga, D. Paio Mendes da Maia, segundo muitos o verdadeiro mentor das pretensões independentistas do nosso primeiro rei. Por tudo isto acreditamos que, no ocaso do século XI e no dealbar do século XII, Portugal Nasceu da Maia.Esta edição contou com o apoio da Divisão da Cultura da Câmara Municipal da Maia.